04/12/2007

Cabo Verde: CAÇA SUBMARINA, A PRÁTICA QUE DEIXOU DE SER DESPORTIVA

Já lá vão algumas décadas em que a caça submarina em Cabo Verde era uma prática desportiva levada a sério. A juventude mindelense era toda ela praticante ou fã da modalidade que despontou poucos anos antes na Europa. Na Praia havia também bons caçadores submarinos tais como Divo Macedo e Nenézinho Nogueira. Embora fosse também praticada em vários outros pontos do país como nos Mosteiros, na Brava, na Boavista e em Santo Antão, Mindelo era o centro dos acontecimentos nesse domínio.
Para além da organização associativa existente, não faltavam provas e campeonatos, cerimónias e condecorações, intercâmbio com europeus e alusões na comunicação social. Nomes como Zeca Morais, Djibla, Djo Borja e Jorge Fonseca são alguns dos muitos que marcaram uma época e toda uma mocidade. Transmitiam a ideia de uma prática desportiva audaz e exigente, representavam a elite da juventude são-vicentina e de Cabo Verde, não lhes faltava admiradores e seguidores.
A selecção de Portugal integrou um dos elementos de Cabo Verde para o campeonato mundial de 1956. Trata-se do conhecido fotógrafo e empresário Djibla que foi seleccionado depois de vencer uma eliminatória em Mindelo. Antes, porém, Jorge Fonseca fez parte da equipa das quinas num campeonato mundial que decorreu na Itália.
Cabo Verde já foi frequentado pelos melhores mergulhadores apneístas mundiais dos anos 50 e 60. Revistas especializadas da Europa amiúde referiam-se às qualidades dos caçadores de S. Vicente. Italianos e franceses eram os que mais vinham à Boavista, Sal, Brava para além de, como é óbvio, a S. Vicente.
Em 1948 J. Y. Cousteau e sua equipa caçaram e experimentaram novas técnicas nas nossas águas quando ainda usava o seu primeiro barco, o Ellie Monnier. A aventura nas águas cabo-verdianas condimentou a primeira obra de Cousteau: Le Monde du Silence.

Os últimos acontecimentos desportivos merecedores de realce são a prova nacional que decorreu na ilha de Santa Luzia em 1978, em comemoração ao massacre de Pidjiguiti, e uma competição internacional organizada na Praia em 1995 com a participação de representantes
do Sal, S. Vicente, Praia, Brasil e Portugal. O certame foi vencido pela representação brasileira.

A ausência de uma associação nacional que organize provas oficiais e represente o país na Confederação Mundial da Actividade Subaquática impede-nos de participar em provas internacionais oficiais e no campeonato mundial.

Nos dias que correm a pesca em mergulho deixou de ser uma prática desportiva, de lazer ou
competitiva, para ser quase totalmente de subsistência. Cerca de três centenas de pescadores nacionais usam a técnica de mergulho livre para a captura de peixe, moluscos e crustáceos que são seguidamente postos à venda.
Autoria do Texto:
EMANUEL C. D’ OLIVEIRA

1 comentário:

Laura disse...

Fica o convite a visitarem o meu site dedicado à Caça Submarina www.azulprofundo.web.pt e o forum http://azulprofundo.livreforum.com

cumprimentos

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