07/01/2008

Língua Portuguesa dificulta a vida aos Cabo-verdianos.


Tomasia tem 48 anos e vive há oito em Portugal com o marido e os filhos

Tomasia da Silva Costa vive em Portugal desde 2000 e quer ser portuguesa. Mas o facto de não saber ler nem escrever dificulta a sua capacidade de passar no exame de português, um dos requisitos obrigatórios para aceder à nacionalidade.

Segundo Simon Kamm, da agência Lusa, a cabo-verdiana de 48 anos vive em Portugal há quase oito, com o marido. Os três filhos, de 14, 18 e 19 anos, foram-se juntando a pouco e pouco à família, que vive numa casa própria no Cacém de Cima, Sintra.



Embora Tomasia queira obter a nacionalidade portuguesa e cumpra os requisitos para pedir a naturalização no quadro da nova Lei da Nacionalidade (vive há mais de seis anos em Portugal), a sua leitura fraca e o facto de praticamente não saber escrever impedem-na de o fazer.

"Frequentei a escola em Cabo Verde e tenho a segunda classe. Quando soube que o meu marido, que tem a quarta classe, não tinha passado no teste, nem sequer fui fazê-lo porque já sabia que não iria ter qualquer tipo de hipótese", explicou.

Os receios de Tomasia decorrem do facto de, "à luz da lei que entrou em vigor a 15 de Dezembro de 2006, o Governo concede a nacionalidade portuguesa, por naturalização, aos estrangeiros que, entre outros requisitos, demonstrem conhecer suficientemente a língua portuguesa através de testes escritos e orais".

Contudo, fonte do Ministério da Educação (ME) disse ontem à Lusa que os estrangeiros iletrados ou com deficiência que queiram pedir a nacionalidade portuguesa podem fazer "um teste especial ou realizar formação e certificação de competências para obter a sua naturalização"(ver texto em baixo). Mas Tomasia "não tem confiança". "E também já não tenho cabeça nem tempo para estudar e aprender", diz, explicando que tem dois empregos na área da limpeza e que sai de casa todos os dias às 05.00 da manhã e volta cerca das 22.00.

A mãe de família afirma que, "mesmo que ainda houvesse cabeça" para estudar, especialmente para tentar melhorar os conhecimentos de leitura, "não saberia quando fazê--lo". "Estou a lutar para isso, mas não tenho tempo para mais nada. Gostava de ter uma alternativa para poder demonstrar a minha aptidão de outra maneira, através de algo que consiga fazer", sublinha.

Fonte:DNonline

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